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O impacto do time na sustentabilidade da sua startup​

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Que tal verificar se seu time vai bem? Exames de rotina são fundamentais para manter a saúde de uma pessoa em dia. Ajuda a prevenir doenças ou até a começar tratamentos precoces evitando maiores complicações.

Da mesma forma, a saúde de uma startup pode se beneficiar de um bom check-up. Esse cuidado periódico, aliás, é crucial para o crescimento sustentável do negócio, entendendo, por exemplo, se já é o momento de participar de um programa de aceleração.

No caso Liga Ventures, disponibilizamos uma ferramenta de “auto check-up” chamada Startup Doctor, por meio da qual a startup pode ter um diagnóstico sobre suas condições de saúde e, se for o caso, buscar alguns “tratamentos”. São seis etapas de exames, mas não se preocupe: garantimos que o processo é indolor!

Para começar, é feita a análise sobre a composição e a experiência do time. Na sequência, você irá entender melhor o objetivo e a importância desta etapa que foca n o capital humano.

Começando do começo

Esse subtítulo não é uma redundância que está aí à toa. Queremos, na verdade, ressaltar a importância de pensar nas pessoas certas para a sua startup desde o início, a começar justamente pelo time fundador. Tão importante quanto dedicar tempo e energia para o desenvolvimento do produto ou do serviço, é investir na equipe que dará o pontapé na empreitada. Na verdade, isso pode ser até mais determinante para o sucesso da startup do que a própria solução oferecida.

Esse é um dos achados do estudo publicado em janeiro de 2020 pelo INSEAD, uma das maiores escolas de negócios do mundo. A partir da análise de 69 artigos acadêmicos divulgados entre 1975 e 2018, os pesquisadores buscaram entender os elementos que tornam a composição de uma startup bem-sucedida — e o time fundador aparece como um fator essencial. 

Isso porque o início de uma startup é marcado por diversas etapas estressantes e, nessas horas, uma equipe bem estruturada pode fazer toda a diferença. Conforme detalha o artigo do INSEAD sobre o estudo: “o conceito deve passar por muitas mudanças ao longo dos processos de validação, desenvolvimento e comercialização. No entanto, uma equipe forte pode permanecer unida em tempos difíceis, superar as adversidades e navegar na jornada turbulenta”. 

Na visão dos especialistas, essa seleção inicial tem grande impacto sobre o futuro da startup e, de alguma forma, dá o tom para as futuras contratações, à medida que o negócio cresce e evolui. O que significa que o tema “pessoas” deve estar sempre em pauta.

Mas por que avaliar o time?

Podemos ter a melhor tecnologia do mundo, porém, no fim das contas, quem faz a empresa são as pessoas. Sim, a frase é um clichê da área de Recursos Humanos, no entanto sua aplicação ainda é um dos calcanhares de Aquiles no mundo dos negócios. Muito se fala, mas pouco se faz.

Um momento em que isso ficou muito nítido no universo corporativo foi durante a discussão da transformação digital. A princípio, os olhares se voltavam mais para o aparato tecnológico e menos para o desenvolvimento de potenciais, o que se mostrou um equívoco.

Segundo uma pesquisa publicada em 2019 pela empresa de tecnologia da informação Wipro Digital, focar na conscientização dos colaboradores durante os primeiros estágios da transformação digital é fundamental, uma vez que as pessoas e os processos são as maiores barreiras nos dois primeiros anos. O levantamento foi realizado com 1.400 executivos C-level ao redor do mundo.

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Fonte: Wipro 2019 Digital Transformation Survey: Barriers to Success

O fator humano no time da startup

Especificamente sobre elas, uma pesquisa da CB Insights publicada também em 2019 elencou as 20 principais razões para o fracasso de uma startup. No ranking das três primeiras, “não ter o time correto” aparece com 23% dos votos — “sem necessidade de mercado” e “ficou sem dinheiro” ocupam, respectivamente, o primeiro (42%) e o segundo lugar (29%). O que só mostra que, mesmo repetida à exaustão, a ideia de que as pessoas são um dos pilares mais importantes para os negócios ainda precisa ser colocada em prática.

Justamente por isso, o check-up da Startup Doctor começa olhando para o fator humano. Queremos entender, antes de tudo, se a startup se preocupa com esse aspecto, se ela cuida do seu time, se existe um investimento nessa área, enfim, se as pessoas estão no centro da inovação. O que requer uma análise do presente, mas também do futuro.

Gestão contínua de pessoas

Quando falamos do fator humano, é fundamental entender que ele não é algo estático. Ou seja, a saúde de uma startup não depende apenas da composição atual de uma equipe, mas de como ela é estimulada e desenvolvida continuamente.

Não à toa, o estudo já citado da Wipro Digital aponta a falta de capacitação dos líderes para preparar seus times para as mudanças ou para treinar suas equipes para as novas tecnologias como uma das grandes dificuldades da transformação digital (56% dos respondentes). 

É por isso que no processo de check-up, é importante avaliar tanto como a equipe está estruturada (foco no agora), quanto quais ações estão sendo implementadas para o engajamento, a retenção e o desenvolvimento desses profissionais (foco no futuro). Lembre-se: não basta ter as pessoas certas, você precisa investir no potencial.

Práticas fundamentais para a gestão de pessoas e time

A forma como cada lugar estimula o seu time varia, afinal não existe uma receita de bolo para a gestão de pessoas. No entanto, entendemos que alguns processos são importantes para garantir um bom fit cultural entre os/as colaboradores/as e a empresa, o desenvolvimento do capital humano e, por consequência, o fomento da inovação.

Nesta lista de boas práticas, entram processos como:

  • Recrutamento e seleção com foco no alinhamento de valores: o que significa que deve ser feito um mapeamento prévio e claro sobre a cultura organizacional para, então, buscar o match perfeito entre contratante e contratado/a. Lembre-se que fit cultural não é desculpa para contratar os mesmissimos perfis: diversidade e inovação andam juntos!
  • Onboarding estruturado: cada ponto de contato que o/a novo/a colaborador(a) tiver com os cargos de gestão é uma oportunidade de transmitir a missão, visão e valores do negócio, e tudo isso influencia no engajamento e em questões mais delicadas, como a do turnover. É nesse momento também que deve-se apresentar o código de conduta, os sistemas utilizados e outras informações relevantes para o dia a dia do trabalho.
  • Desenvolvimento profissional contínuo: há alguns anos, o antigo Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) começou a ser questionado e substituído pelo discurso do protagonismo na carreira. Isso não significa, contudo, que a organização não tenha um papel no crescimento profissional. Programas internos de mentoria, de compartilhamento de conhecimento, e de treinamentos promovidos pelos próprios colaboradores/as são formas de promover o desenvolvimento contínuo, sem retirar a responsabilidade pessoal que cada um tem sobre a gestão da sua carreira.
  • Avaliação de desempenho formal: além dos feedbacks constantes ao longo do ano, vale separar um tempo para sentar e conversar sobre performance com calma e profundidade. Este é o momento para entender o que está bom e o que pode melhorar, servindo também para mapear oportunidades de desenvolvimento. 
  • Pesquisa de clima organizacional periódica: além daquelas que se propõem a fazer uma análise mais profunda de um período de tempo maior, hoje são aplicadas as pesquisas pulses. Estas, aliás, conseguem ajudar as organizações a entenderem melhor momentos de intensas mudanças (como o que passamos atualmente) e a redirecionar a rota com maior velocidade.
  • Entrevista demissional: tão importante quanto avaliar os motivos pelos quais alguém quis trabalhar com você, é entender o porquê ela está deixando a sua empresa e partindo para outra jornada. Escutar ativamente e analisar as informações ajudam a aprimorar a gestão de pessoas e também dos negócios, além de, se for o caso, trabalhar nos elementos que têm contribuído para um turnover elevado.